Por ​Thaís Russomano​
Médica especializada em Medicina Espacial

Para os crédulos na força dos números, o 11 significa que, sob ele, qualquer um poderá ser o que desejar, pois as pessoas ligadas a esse número são idealistas, intuitivas, sensíveis, dramáticas, vibrantes e imaginativas.

Para meu avô materno, o 11 marcava o acontecimento de fatos importantes - bons ou ruins! Não foi por coincidência que ele e minha avó se casaram no dia 11 do mês 11. Alcides e Rosah firmaram matrimônio nesse dia e nesse mês, pois ele acreditava que o número 11 lhes traria bons presságios. A primogênita do casal, minha mãe, Nailê, nasceu no dia 11 de outubro - para ele, uma prova irrefutável do poder desse número.

O mais impressionante era que meu avô não se conformava com a ausência do 11 em alguns acontecimentos importantes que marcaram sua vida ou a história do mundo. Assim, números que somassem 11 ou que subtraídos dessem 11 ou que fossem múltiplos de 11 contabilizavam perfeitamente na sua matemática mística.

Há exatos 11 anos, vi o filme 11-11-11. Nesse thriller escrito por Bousman, diretor de Jogos Mortais 2, 3 e 4, existe a ideia de que há portas para o além e que, às 11 horas, 11 minutos e 11 segundos do dia 11 do mês 11 do ano de 2011, a décima primeira porta se abrirá e algo de sobrenatural dominará a Terra. E Bousman seguiu à risca a receita dos números cabalísticos. As gravações começaram no dia 11 de janeiro de 2011 e a estreia mundial foi em 11-11-11. O filme se passa em Barcelona. Talvez, a única escorregadela de Bousman foi não considerar os diferentes fusos horários do planeta.

O filme prende a atenção, mas também extrapola a mais fértil das imaginações. Mesmo não sendo meu estilo de cinematografia, decidi conferir, como, penso, teria feito meu avô Alcides. Imaginei-o indo ao cinema com a “certeza certa” de que Bousman dava ao mundo a prova que sua matemática mística era infalível.
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